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sábado, 22 de novembro de 2008

Revolução, na física e na minha alma

Estive fora de mim por tempo suficiente. Sofrendo por algo pior do que um amor impossível: um amor perfeitamente possível, mas por uma pessoa cabeça-dura demais para vivê-lo como é. Paciência, quiçá um dia ela caia em si. Eu cairei fora, por enquanto. Já me machuco o suficiente sem a ajuda dela.
Mas esse post não é sobre isso. Ele coincidentemente compartilha a essência dessa mudança de atitude. E fala sobre um assunto dos mais áridos e nerd do universo: física.
Durante mais de um século a física moderna se viu dividida em dois ramos irreconciliáveis: a astrofísica, que se preocupa com a interação dos grandes corpos celestes, as estrelas e buracos-negros, o tecido espaço-temporal e os wormholes e a física de partículas, preocupada com as divisões do átomo, as interações entre partículas sub-atômicas, suas massas e suas cargas. Até o século dezenove o modelo molecular de Dalton funcionava perfeitamente em sintonia com a física de Isaac Newton e Galileu Galilei, mas várias descobertas práticas puseram este modelo à prova e em 1900 Max Planck deu origem à mecânica quântica ao teorizar que a energia é irradiada e absorvida em 'elementos energéticos' discretos ou quanta (singular quantum). Foi baseado na hipótese quântica de Planck que Albert Einstein, livre para teorizar no marasmo do escritório de patentes de Berna, postulou que a própria luz se dividia em elementos discretos, partículas que vieram a se chamar fótons e cuja incompreensibilidade causou a divisão do universo em dois modelos matemáticos incompatíveis (levando o próprio Einstein a rejeitar certos aspéctos da mecânica quântica).
Ao generalizar o princípio da relatividade de Galileu, Einstein literalmente revolucionou nossa visão do universo. E = mc². Energia é igual a massa vezes o quadrado da velocidade da luz. Todos os coitados de nós que estudaram análise dimensional (eu inclusive) sabem que este postulado é um tiro no pé. Energia é energia, massa é massa. Equalizar os dois é pior do que dizer que dois é igual a três, é como dizer que dois é igual a verde, ou menos pi é igual a gosto de frango. Entretando foi, 103 anos depois da publicação da teoria da Relatividade Geral de Einstein, exatamente o que um time de físicos da França, Alemanha e Hungria provou com o auxílio de supercomputadores.
Os anos entre a fundação da mecânica quântica e hoje foram coalhados de teorias unificadoras bizarras. As tentativas de fazer o universo das particulas sub-atômicas concordar com o dos planetas e das estrelas levaram as maiores mentes do mundo, gente como Carl Sagan e Stephen Hawking, a crer que o universo tivesse dez, onze ou mais dimensões. Espere aí, profundidade, largura, altura... tempo. Quatro. De onde vem as outras seis ou mais ? Fácil - diz Dr. Hawking com seu sintetizador de voz - das supercordas, dimensões enroladas ao redor de si mesmas como barbantes interplanetários. Fácil pra você, Robocop ! Eu não caio nessa não ! Eu quero um universo com o qual eu possa interagir, três dimensões mais tempo, no máximo ! E foi usando apenas isso que, tentando provar outra coisa, os físicos liderados pelo Centro de Física Teórica da França provaram matematicamente a relação entre energia e massa.
A massa dos prótons e neutrons era um mistério matemático. Estas partículas elementares são compostas de quarks e glúons, sendo que os glúons tem massa zero e todos os quarks somados não passam de 5% da massa total. Então onde diabos se escondiam os outros 95% da massa de um próton ou neutron ?
Glúons e quarks interagem energeticamente e essas interações mantém-nos juntos. Modelar todas essas interações entre partículas requer mais capacidade matemática do que meros seres humanos possuem, mas são o arroz-com-feijão dos computadores. Programados para analizar estas interações energéticas os computadores chegaram à conclusão nada surpreendente mas totalmente revolucionária de que a energia do movimento das partículas é a massa que falta depois de computar os quarks.

Energia é massa. Pausa para apreciar a dança da vitória do fantasma de Albert Einstein.

Mas porque eu estou comemorando esta vitória da Relatividade Geral como uma derrota da Teoria de Cordas e suas irmãs bizarras ?
Porque o modelo de universo utilizado pelos cientistas para modelar e calcular as interações energéticas das partículas sub-atômicas não é feito de dez ou onze supercordas dimensionais enroladas umas nas outras como um novelo de lã universal, e sim uma estrutura cristalina de quatro dimensões com pontos quânticos bem definidos em cada linha e coluna, como a teoria da gravidade quântica em loop que eu tenho defendido por tantos anos !

Pausa para apreciar a dança da vitória dos fantasmas de Galileu, Planck, Newton e Einstein formando um lindo chorus line de físicos geniais.

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